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A pele possui o mesmo maquinário do cérebro
A pele possui o mesmo maquinário do cérebro
18/06/2019

Por Caroline Nery, fisioterapeuta

A pele tem os sistemas mais sofisticados e complexos que já tiveram sob o domínio exclusivo do cérebro.

Nosso tato começa no útero e é o primeiro sistema sensorial a se desenvolver. É praticamente impossível não sentir, mesmo quando se tenta. O toque da mãe muda a programação epigenética do seu filho. Tem que haver algo nesse toque gentil!

Neurocientistas suecos descobriram um novo conjunto de fibras nervosas na pele que responde apenas ao toque mais suave dos toques. Essas fibras são lentas, precisam de tempo. E ao contrário dos sinais rápidos, que atingem o córtex somatossensorial e nos dizem o que tocamos, os detalhes do que tocamos, estes sinais viajam para uma parte diferente do cérebro que processa emoções e diz o que sentimos quando tocamos. Essa parte chama-se córtex insular posterior. Esse toque gentil nos dá a noção de quem somos, e também nos dá um sentido de que estamos em um mundo maior. Isso significa que a fibra do toque suave, de alguma forma, está refletida em nosso senso de identidade pessoal, em nosso senso de cultura e em quem somos na comunidade. E assim carregamos a nossa cultura nas mãos.

Pensávamos que as funções do cérebro eram pré-programadas, localizadas e que um dano no cérebro era praticamente permanente. Hoje sabemos que existe a neuroplasticidade.

Se o cérebro tem plasticidade e a sua pele é como o cérebro, poderia a pele ter plasticidade também? Poderíamos sentir coisas extra-sensoriais como o infravermelho na nossa pele? Pesquisas em ratos dizem que sim.

O Stress que afeta o eixo hipotalâmico - hipofisário - adrenal encontrado no SNC, também é encontrado na pele e a teoria que esse caminho do stress, na verdade evoluiu primeiro na pele para evitar a entrada de patógenos. Mas o stress é mais do que superficial.

Qualquer situação estressante, uma guerra, um divórcio, o desemprego, geralmente aparece primeiro na nossa pele. Mas frequentemente descartamos isso, como sem importância e superficial. E perder essas pistas que o nosso corpo está tentando desesperadamente nos dar é equivalente a reprimir a emoção.

A medicina convencional não trata essas pessoas da melhor forma, de uma forma que elas se recuperem completamente. Podemos apagar um ou outro incêndio, mas enquanto não encontrar a fonte do problema, você não pode se livrar realmente dele.

A pele tem um cérebro próprio.
Escute a sua pele.

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