Cicatrizes. Essa é uma palavra que marca o processo da microfisioterapia. Mas, nesse caso, elas não estão na pele, de forma aparente, mas nas células e tecidos de nosso corpo, fruto de eventos e traumas que ocorreram em nossa vida e não fomos capazes de solucionar completamente. Como na pele, essas cicatrizes deixam marcas que podem se manifestar em dores, doenças, alergias e insônias, para citar alguns exemplos. Mas há como eliminá-las.
O caminho para a descoberta dessas marcas e de como ajudar o organismo a ultrapassá-las foi percorrido pelos fisioterapeutas franceses Daniel Grosjean e Patrice Bénini. Percebendo que muitos pacientes voltavam com as mesmas queixas, eles iniciaram uma longa pesquisa. "Fiz osteopatia por 6 anos, anotava tudo o que era feito nas correções, mas as lesões recidivavam. Um professor disse na época que a pessoa que encontrasse a chave dos tecidos moles poderia progredir muito nos resultados", recorda Bénini.
Com esse start, ele e Grosjean começaram os estudos tendo como base a embriologia e a filogênese. Eles foram observando que ao liberar músculos do corpo, ele reagia de uma determinada forma.
"Quando liberávamos um músculo da família das vísceras, por exemplo, liberava a função de um órgão", cita Bénini. Os fisioterapeutas foram anotando todas as ligações e reações e expandiram os testes em todo o corpo. "Percebemos que poderíamos corrigir o corpo da cabeça aos pés.
Pela filogênese criamos leis no sistema nervoso que permitiu que elaborássemos a cartografia do corpo. Isso nos conduziu a todas as lesões nervosas que também envolvem disfunções musculares", detalha o fisioterapeuta.
Para confirmar os dados, eles convocaram pacientes para aplicar a técnica e foram anotando tudo o que era identificado de marca, todas as informações. "Queríamos ver se era repetitivo, e o fato de encontrar sempre a mesma coisa foi um elemento científico", completa Bénini. Essa primeira etapa de estudos, que envolveu a parte muscular e nervosa, durou cerca de 6 anos.
A experiência cresceu, chegou ao ambiente hospitalar, sempre com resultados positivos. "Fizemos uma pesquisa sobre colopatias funcionais, experimento grau A, que permitiu tratar essas pessoas que sofriam há anos, algumas há 40 anos, com resultado de 74% de melhora no real e 36% no placebo. Essa pesquisa explodiu sobre a criação da microfisioterapia em 1982, 83", diz Bénini.
Os estudos culminaram com a confirmação de que cada lesão tinha uma correspondência etiológica e patológica (causa e sintoma). Nisso foram mais 4 anos de estudos. A última etapa foi a do terreno, da hereditariedade. Memórias familiares também poderiam desajustar o organismo. As marcas podem surgir ainda na concepção. "Essa herança pode se rebelar e desestabilizar a função de um órgão", completa Bénini.
Atualmente a técnica vem ajudando fisioterapeutas e pacientes com tratamentos de resultado. "A microfisioterapia é capaz de encontrar lesões do passado, do presente e compreender o porquê que certas pessoas têm dificuldades de ir para o futuro, de ser livre. Podemos dizer que ela é extraordinária e preenche o desejo do fisioterapeuta de poder ajudar as pessoas a sair de suas dificuldades que emperravam a vida. Com a microfisioterapia os corpos se reparam sozinhos, o fisioterapeuta apenas tira o grão de areia que estava emperrando a máquina", finaliza Bénini.