O novo paradigma está proposto, e suas ramificações para pacientes, profissionais e todo o sistema de saude começam a entrar em curso.No entanto, nenhuma ação da medicina e, menos ainda, nenhum ato médico será será bem-sucedida sem que cada um de nós assuma a responsabilidade pela própria saúde .Isso se dá por meio de dois pontos-chave, interligados e interdependentes, além de extremamente poderosos em qualquer processo para uma vida melhor: a atenção e o auto cuidado.
De nada adiantam terapias eficientes, profissionais atenciosos, tempo e recursos financeiros se a cabeça estiver distante do corpo, o corpodistante das ações, e o cotidiano totalmente voltado para o mundo exterior.Se você acorda pensando nas atividades que deve realizar durante o dia, toma banho se lembrando da discussão que teve na tarde anterior, prepara o café lamentando nao poder dormir mais meia hora e dirige até o trabalho imaginando reuniões, prevendo problemas, fazendo mentalmente a lista do supermercado, não vivenciou realmente nenhum dos tantosmomentos que compõem o dia.Nao sentiu a mente despertando, as pernas se alongando ao sair da cama, o corpo sendo alimentado.Não prestou nenhuma atenção em si mesmo.
A todo momento estamos batendo à nossa própria porta e sendo contemplados com a possibilidade de abri-la, redescobrindo o estranho que nos tornamos para nós mesmos.Redescobrindo-nos e, como anuncia o poeta, nos amando.Bater à nossa própria porta é o chamado para o despertar que traz consigo a lembrança de quem somos e de como chegamos onde estamos- celebrando o fato de estarmos vivos.É o chamado da atenção a nós mesmos.Sem essa atenção, nao sabemos o que se passa conosco nem ao redor de nós, em todos os níveis de existência .Sentimo-nos incomodados sem identificar de onde vem o problema .
Quando nos sentamos com a coluna curvada na cadeira do escritório, não percebemos o movimento das vértebras .Quando perdemos a paciência, ficamos irritados e estressados às vezes sem nem saber por quê.Nao percebemos um carinho, nao somos capazes de parar para sentir um abraço.Nao sabemos que alimentos nos trazem sensações boas nem quais deles não digerimos bem.Por puro desconhecimento, repetimos ações que nos fazem mal e não incorporamos ao cotidiano práticas que nos sao benéficas .Nao respeitamos sequer a sede ou a vontade de ir ao banheiro, tudo fica para depois.
Assim, o dia vira uma correria sem fim, um amontoado de obrigações nas quais o corpo e a cabeça são encarados como máquinas em função de tarefas que precisam ser realizadas.Cuidar-se assim é impossível.Sem saber o que está acontecendo, o que faz bem e o que faz mal, não podemos nem mesmo pensar em começar a entender a importância do autocuidado na manutenção da saúde e na promoção do bem-estar.Não estamos falando de uma atenção neurótica e obsessiva, mas de uma que nos conduza a um cuidado constante com nossa vida e nosso corpo.
Quando conseguirmos mudar nossa maneira de entender e agir , estaremos finalmente com a atenção centrada em nós mesmos, em nosso corpo, em nossa mente, em nossas sensações , em nossas reações a tantos estímulos a que somos submetidos .E armadoscom essas ferramentas, podemos então iniciar um processo contínuo de autocuidado , valorização das ações , terapias e atitudes que nos fazem bem, ajudam nosso organismo e mantêm nossa saúde
(Medicina Integrativa a cura pelo equilíbrio, Paulo de Tarso Lima; págs..39 a 43)