As boas e as más memórias ficam guardadas no corpo. Algumas são eliminadas, e outras, não. Cada indivíduo processa essas informações de forma diferente. O que pode ser um trauma para uma pessoa, pode não ser para outra que passou pela mesma situação, como, por exemplo, um acidente, um terremoto, um assalto.
Os franceses Daniel Grosjean e Patrice Bénini realizaram estudos na década de 70, embasados na embriologia e na filogênese, aplicados na esfera muscular. Nascia aí a microfisioterapia, técnica de fisioterapia manual que identifica a causa primária de uma doença ou sintoma e estimula a autocura do organismo e permite que o corpo reconheça o agressor (antígeno) e inicie o processo de eliminação.
A técnica chegou ao Brasil em 2004, e a fisioterapeuta Caroline Nery, 39, foi a pioneira em Belo Horizonte, começando a atender há dez anos. “A consulta, que demora em torno de uma hora, começa com uma anamnese, em que escuto as queixas do paciente, que podem ser no físico ou no emocional. Busco identificar a agressão primária, que deixou cicatrizes que atrapalham o funcionamento das células e ficaram guardadas na memória do tecido, por uma deficiência do sistema imunológico que não conseguiu eliminar o agressor”, explica a fisioterapeuta.
Por meio de micropalpação muito leve e sutil, a fisioterapeuta procura onde as memórias se instalaram no corpo provocando sintomas. Uma vez encontrados tais traços, ela realiza manualmente procedimentos para restabelecer as funções do organismo.
Caroline diz que a técnica é complementar, não substitui a ação do médico e que os medicamentos não devem ser retirados. “Procuro no corpo algumas marcas e um lugar em que a vitalidade não está normal e por onde o agressor entrou. Essa investigação se dá por meio de consulta a inúmeros mapas corporais”, afirma.
É como se o corpo tivesse várias gavetas. “Meu trabalho é abri-las e espiar, pois não é em todas que guardamos algo que não foi bom. Cada mapa tem o controle global do corpo, o que me permite identificar onde está o bloqueio que tem que ser trabalhado. Por meio dele é possível verificar por onde entrou o evento traumático (relé) e em que nível a informação impactou o corpo”, comenta Caroline.
Os franceses dividiram o corpo em vários segmentos, e cada um se relaciona com uma glândula ou órgão vital. A micropalpação trabalha na informação que o corpo recebe e que revela também a época em que o evento traumático aconteceu.
PRINCÍPIOS
Homeopatia. O processo de cura é semelhante ao da homeopatia, já que ambas as técnicas seguem duas leis: a cura pelo infinitesimal e a similitude (o semelhante cura o semelhante).
MÉTODO ELIMINA MEMÓRIAS HOSTIS
A microfisioterapia é indicada para o tratamento de dores físicas, lombalgia, fibromialgia, enxaquecas, alergias, depressão, problemas psiquiátricos e outros. “Essa técnica parte de um princípio natural e elementar da vida: ajudar o corpo a se livrar de todos os traumas passados ou presentes que ele guarda na memória celular e que o impedem de funcionar bem”, comenta a fisioterapeuta Caroline Nery.
As agressões internas ou externas deixam uma espécie de “cicatriz” nos tecidos, uma memória do acontecimento. “Apesar de esse vestígio causar uma impressão de cura, o acúmulo dessas memórias pode fazer com que uma dor apareça, uma doença se desenvolva e o corpo se enfraqueça. Então, aparecem as dores e as doenças crônicas”, observa a especialista.
Geralmente, o organismo autocorrige-se em silêncio, sem que seja percebido. “A microfisioterapia ajuda na eliminação natural das memórias que enfraquecem o organismo. Quando o obstáculo é liberado, o corpo pode reencontrar as capacidades que perdeu, muitas vezes após anos”, diz Caroline
ÓRGÃOS VITAIS
SENSAÇÃO É DE REORGANIZAÇÃO E MUDANÇA
Antes da sessão de microfisioterapia, Caroline Nery faz perguntas sobre eventuais queixas, dores, doenças, incômodos. Explica a técnica e exibe os mapas que vão nortear sua investigação pelo meu corpo.
Já na maca, Caroline registra uma memória gravada em meu ser ainda no primeiro mês de gestação de minha mãe. Na sequência, vieram outras datas associadas a eventos que ocorreram na infância, na adolescência e na idade madura. A sensação é de bem-estar. No dia seguinte, senti meu organismo em processo de limpeza e reorganização para uma fase ainda insuspeita.
Publicação original: http://www.otempo.com.br/interessa/liberta%C3%A7%C3%A3o-no-n%C3%ADvel-celular-1.1498464